Capítulo 10 — Cubos de Carne
O rugido da criatura fundida com o núcleo ecoava pelas profundezas da instalação. Tentáculos golpeavam o concreto, as paredes tremiam, o chão rachava sob o peso do monstro. O coração pulsante do núcleo central da Umbrella brilhava vermelho, bombeando energia maligna para cada canto do complexo.
Alice, Leon, Jill e Ada disparavam sem parar, mas as balas mal arranhavam a pele grotesca da criatura.
Daniel, parado no centro do caos, segurava a Lâmina das Profundezas. Seus olhos estavam frios, calculistas.
— Fiquem atrás — ordenou, erguendo a espada com uma calma aterradora.
Leon gritou:
— Você não vai conseguir com um golpe só, esse monstro—
Mas não terminou a frase.
Daniel deu o golpe.
À primeira vista, pareceu apenas um corte simples, horizontal, quase preguiçoso. A lâmina atravessou o ar como se estivesse cortando vento. Mas, num piscar de olhos, a realidade se fragmentou.
Dez mil cortes simultâneos se manifestaram como uma onda invisível.
O monstro estremeceu. As paredes vibraram. O chão quebrou. Cada músculo, osso e partícula do núcleo e da criatura foram fatiados, reduzidos a cubos de carne simétricos, perfeitos, tão precisos que por um segundo o tempo pareceu parar.
E então… os cubos começaram a cair.
Sangue e vísceras choviam como uma tempestade de carnificina.
Alice, coberta de sangue, arregalou os olhos. Ada, encharcada, engoliu em seco. Leon estava em choque.
Daniel limpou a espada, indiferente.
— Eu disse… números — sussurrou, enquanto os cubos batiam no chão, formando uma pilha grotesca.
O núcleo central piscou, sua energia falhando. O sistema da Umbrella entrou em colapso.
[Atualização: Núcleo destruído. Cristais obtidos: +10.000. Item Desbloqueado: Aquisição da Rainha Vermelha.]
Daniel abriu o sistema, vendo o holograma da IA se formando: uma jovem de feições infantis, olhos vermelhos e expressão vazia.
— Agora sim — disse, sorrindo.
Enquanto os outros ainda digeriam o massacre, um som abafado veio de um canto da sala.
Daniel caminhou sobre os cubos de carne, abrindo caminho até uma área escura.
Ali, encolhida, com o rosto sujo de sangue e lágrimas, estava Rain Ocampo.
Seus olhos arregalados mostravam puro terror. Os corpos de sua equipe jaziam ao redor, todos brutalmente dilacerados pelos experimentos da Umbrella.
Ela apontou a arma tremendo.
— Fique longe… — sussurrou, a voz falha.
Daniel parou, inclinando a cabeça.
— Relaxa… não sou o inimigo agora. Esses cubos de carne foram por você também.
Rain arregalou os olhos ao ver o rastro de destruição, os cubos de carne ainda escorrendo sangue no chão.
Alice se aproximou, reconhecendo-a.
— Rain? Você… sobreviveu?
Rain soluçou, a arma baixando lentamente.
Leon encarou Daniel, ainda em choque.
— Você… você destruiu tudo em um golpe.
Daniel deu de ombros.
— São só números, bom menino. Cada zumbi, cada mutação, cada instalação… tudo vira carne. E carne vira ponto.
O sistema brilhou.
[Rainha Vermelha Ativa. Controle parcial da instalação obtido. Nova Missão: Expansão do Abrigo Subterrâneo. Aquisição de Tecnologia da Umbrella.]
Daniel sorriu, as engrenagens já girando em sua mente.
— Vamos pegar o que sobrou e desaparecer. Porque o que vem depois… é guerra.
Alice, ainda suja de sangue, assentiu. Rain, mesmo abalada, levantou-se. Leon, relutante, seguiu o grupo.
Mas o olhar de Daniel ficou preso nos cubos de carne espalhados.
— Todos acham que heróis salvam o mundo… — murmurou. — Eu prefiro lembrar que o mundo se reconstrói sobre a carne dos que caem.
E com isso, o grupo desapareceu nas sombras, enquanto a instalação da Umbrella ruía atrás deles.